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Já faz muito tempo que não curto mais a Folha de S. Paulo. O jornal perdeu relevância e deixou de ser uma fonte obrigatória no jornalismo brasileiro. Segue a tendência (triste) de toda a outrora chamada grande imprensa que prefere defender interesses de uma (pequena) classe dominante do que fazer jornalismo de verdade.
Mas não deixa de ser interessante notar que o jornal decidiu deixar de compartilhar seu conteúdo na rede social mais influente e nefasta do planeta: o Facebook. A direção da Folha publicou em sua edição de hoje um comunicado onde explica a decisão em razão das mudanças do algoritmo do Facebook, que agora privilegia conteúdo dos amigos em detrimento das publicações de veículos de informação.
A decisão da Folha reflete algo percebido fortemente por todos os veículos de informação: pouco do que se publica na rede atualmente chega aos leitores. O Facebook prefere a foto da família do amigo do amigo da amiga comendo churrasco no final de semana do que compartilhar a manchete dos principais jornais do País.
E assim contribuiu cada vez mais para a alienação de uma grande maioria para quem o Facebook é quase um sinônimo de Internet.
A decisão da Folha vem pouco depois do anúncio do comediante Jim Carrey, que deletou sua conta do Facebook e vendeu (a preço de banana) suas muitas ações da rede social. Para Carrey, o Facebook foi responsável pela disseminação de notícias favoráveis a Donald Trump via “conspiração russa” e nada fez para coibir as mesmas práticas.
Seja por um motivo ou por outro, o Facebook hoje é uma rede de um poder imenso e que não trabalha pela democracia ou a disseminação de valores importantes para a sociedade, seja no Brasil ou em qualquer país do mundo.
Foi e continua sendo através do Facebook que notícias falsas são disseminadas e contribuem para a formação de uma visão distorcida da realidade. Os resultados são amplamente conhecidos no Brasil.
Pra este Oa, publicar no Facebook nunca foi prioritário, pois apenas o Facebook ganha com publicações e milhares de visualizações. Raramente uma publicação de muitas visualizações gera tráfego para o site. Sem tráfego não se atinge a relevância necessária para a veiculação de anúncios.
Por isso mesmo, o Oa segue outro caminho de sustentabilidade, investindo na formação de uma rede sólida de leitores interessados e capazes de valorizar o conteúdo e a energia necessária para produzi-lo.
A sustentabilidade do Oa vem das doações de seus leitores, pois o Oa também não aceita conteúdo editorial pago, outra prática nefasta no mundo das publicações. A disseminação das notícias apuradas pelo site segue via newsletter diretamente para cada um dos interessados.
É bom lembra que o conteúdo editorial pago disfarçado de notícia nada mais é do que a picaretagem institucionalizada, que engana o leitor e o faz acreditar numa realidade construída a partir das agências de propaganda e marketing.
Nesse mundo nebuloso do conteúdo pago estão os agora chamados influencers digitais e veículos sem o menor compromisso com o jornalismo (alguns do mundo tradicional e outros já nativos digitais).
O Facebook pensa apenas no Facebook e seus lucros astronômicos. Para o Face pouco importam as pessoas ou os negócios de quem utiliza a rede, a não ser que sejam anúncios pagos — o produto é você.
Se você não quer ser enganado por redes sociais midiáticas ou informações falsas publicadas por veículos de mídia sem compromisso com o jornalismo, apoie o jornalismo independente, produzido seguindo os bons e velhos conceitos do jornalismo tradicional onde notícia é notícia e publicidade é publicidade.
Cada coisa no seu devido lugar.